segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Abertura do Encontro Regional da Rede Unida - Sudeste

O Encontro Regional Sudeste, da Rede Unida, ocorreu entre os dias 16 e 17 de agosto, no Parque Inhotim, em Brumadinho/MG, foi um encontro preparatório para o 11° Congresso Internacional da Rede Unida, que ocorrerá em Fortaleza, em 2014. Teve como principal tema: “O encontro com a vida sem molduras, girando a educação e trabalho no cotidiano do SUS”.

O Inhotim - Instituto de Arte Contemporânea e Jardim Botânico foi palco desse acontecimento e proporcionou aos participantes uma experiência singular através do encontro com as obras de arte expostas ao ar livre, possibilitando a troca de experiências, reflexões e debates sobre o desafio de desemoldurar, romper com a perspectiva tecnicista, reducionista e restrita a padrões de comportamento que influenciam a formação dos profissionais de saúde e as práticas de cuidado e atenção à saúde.

A programação do Encontro Regional Sudeste, foi construída pelos representantes dos quatro estados envolvidos na organização do evento e pode ser conferida no site da Rede Unida: http://www.redeunida.org.br/congresso2014/regional/sudeste/programacao

Foram convidados para participar da Mesa de Abertura o representante do Departamento de Atenção Básica – DAB/SAS, Alexandre Florêncio, o Coordenador Nacional da Rede Unida, Alcindo Antônio Ferla, a Coordenadora-Geral de Ações Estratégicas em Educação na Saúde – SEGTS, Eliana Cyrino, o Professor do curso de Odontologia da UFMT, João Henrique Lara do Amaral, e a Diretora de Inclusão e Cidadania do Instituto Inhotim anfitriã do evento, Roseni Sena.


Disponibilizamos na íntegra a Manifestação da Comissão Organizadora do Encontro Regional Sudeste da Rede Unida – 2013
Tema: Um encontro com a vida sem molduras:  girando o trabalho e a educação no cotidiano do SUS
Três experiências a serem trocadas nesses dois dias:
A delicadeza das relações interprofissionais;
A delicadeza das relações profissionais e comunidade;
A delicadeza em fazer saúde no SUS.
Quem faz a mediação entre nossas experiências e esses três eixos é a arte contemporânea. A arte sem molduras, que assusta, surpreeende, sensibiliza, emociona e que abandona os suportes tradicionais. Uma característica marcante da arte contemporânea e a diversidade assim como são diversos os muitos cenários e personagens que cruzam o caminho na prática cotidiana. A mediação pela arte busca o discurso universal.
Entendemos como delicadeza saber lidar com o que está ao nosso redor e de nossos semelhantes, é ver o cotidiano como espaço das surpresas, é a valorização da singularidade, é "olho no olho" onde se permite pensar nas realidades das vidas e das existências. O giro da vida é o pano de fundo, é a vida enquanto experiência individual e coletiva.
Desemoldurar, descortinar, mudar o eixo, permitir que cada um gire a vida nesses dois dias de acordo com a sua experiência e o seu caminho. Girar e desemoldurar o trabalho e a educação no cotidiano do SUS.
Desemoldurar como um termo cunhado para essa experiência de dois dias. Foi durante uma reunião nesse instituto. Termo que espanta, trás surpresa, que faz fugir o terreno debaixo dos pés. Busca-se superar o rigor do que está disciplinado, engessado e emoldurado nos campos da educação e do trabalho.
Cada participante trás a sua contribuição no campo da formação, do trabalho, do controle social e da gestão. A ideia geral que move a atividade é provocar a dúvida, a reflexão e a criação, sempre considerando as experiências de cada um.
Na elaboração dessa fala alguns membros da comissão manifestaram que se sentiram desafiados, convocados à criatividade e ao atrevimento. Houve também a experiência da solidariedade. Todas elas experiências da vida e não será diferente durante os próximos dois dias. Desafio e solidariedade são complementares. No encontro regional as pessoas se aproximam e as coisas acontecem porque fazemos acontecer juntos e com objetivos compartilhados.
O desafio de desemoldurar perseguiu a comissão durante toda a organização. Talvez pelo esforço de perder as molduras fez com que o trabalho de organização parecesse mais pesado. Como organizar sem moldura? Houve um exercício obstinado em desfazer e recriar novos movimentos e espaços, tentativas de desemoldurar as existências e seus afazeres.
Esse encontro possibilita nossa inserção ainda maior no desenvolvimento das políticas de Saúde no Brasil e revigora o ideário do Movimento da Reforma Sanitária Brasileira. Percebe-se nas gerações aqui representadas diferentes etapas de uma mesma trajetória. Estamos nesse movimento para enfrentar os desafios da consolidação e da melhoria da qualidade da formação e do trabalho na saúde, com delicadeza, buscando retirar as molduras para que os enfrentamentos e as soluções sejam outras.
Esse é o convite que é feito a todos e todas. Nesses dois dias e depois nos espaços sociais que ocupamos e onde objetivamente fazemos.
O encontro é uma resposta àqueles que acreditaram primeiro, dois deles presentes entre nós: Roseni, Edison Corrêa e Vitor Hugo que não pode comparecer. Os três fundadores da Rede Unida.

Sejam bem-vindos(as).


Escrito por Juliana Porto.

Timothy e a compreensão de agosto

Inhotim?

Antes era uma fazenda pertencente a uma empresa de mineração. Dono não tinha. Pelo menos pelo modo tradicional, não. Mas alguém, tinha que cuidar – escolheram o Timothy.

Quem é Timothy? A Wikipédia não conseguiu responder. Apenas sei que Timothy virou Senhor Tim que virou Nhô Tim que virou Inhô Tim. Inhô Tim poderia ser um velho barrigudo, de cabelos brancos e olhos negros. Ou poderia ser um jovem senhor, de físico admirável para aquela idade e de simpatia digna de ser brasileiro. Poderia ser qualquer um. O que não dava para imaginar é que Inhô Tim se transformou em um dos mais importantes centros de arte contemporânea, me atrevo, da América Latina.

Inhotim (agora unidos pela história e pelo português) foi palco, nesse mês de agosto, da desemolduração da Rede Unida. Rede de cientistas, pesquisadoras, estudantes, trabalhadores, pessoas que lutam por um mundo melhor. Envolvidos e imersos na arte e nas reflexões que dela retiramos, discutimos nossas práticas e seus significados entrelinhados pela correria das freeways de nossas vidas.

Conheci tanta gente bacana. Reencontrei tanta gente mais bacana ainda. Porém havia outras gentes bacanas que não puderam ir devido às limitações de espaço e imposições de contexto. Gentes que poderiam contribuir mais ainda para as discussões, para os choros e risos, para as alegrias de ver um lago verde e saber que não está poluído, para o enigma de ver coisas que não existem e sentir coisas que já deixaram de existir.


Não quero te cansar, minha leitora e meu leitor, por isso densifico minha fala e neologiso minhas ideias: Inhotize-se, mas não pelo preço de quatorze reais, a meia de terça-feira. Redifica-se, mas não apenas pelos laços que te são mais convenientes. Unida-se, pelo SUS que dá (e se não deu, vai dar) certo.

Escrito por Mateus de Faria

domingo, 18 de agosto de 2013

Encontro Regional da Rede Unida - Sudeste, primeiro dia.

No primeiro dia do Encontro Regional da Rede Unida - Sudeste, no Parque Inhotim em Brumadinho - MG, as três integrantes (Juliana, Mariana e Rossana) do Projeto da Rádio Web Saúde UFRGS acompanharam cada uma um grupo de visitação as obras.


Participei do Grupo 9, o qual contava com o apoiador, o professor Marco Akerman, fizemos o circuito 3 e visitamos a Galerias Lago, Marcenaria, Miguel Rio Branco e Mata. O tema foi "As Relações de Trabalho no SUS". 

Adorei o tema pois tem tudo a ver com o meu local de trabalho, com a função que desempenho e com o atendimento que presto diariamente como Técnica em Nutrição em um Banco de Leite Humano de Porto Alegre.

O que mais chamou a minha atenção na Galeria Lago foram as fotos dos acidentes de trabalho e de como o artista Thomas Hirschhorn na obra Restore Now mostrou que prestamos mais atenção na mídia do que nos livros, que uma ferramenta sem conhecimento mutila e que o consumismo é o mal da sociedade contemporânea. Quem quiser mais informações sobre a obra, visite o site:

Na Galeria Marcenaria, a obra de Victor Grippo remeteu o grupo a pensar o trabalho no SUS, até que ponto há claridade nas relações, que ninguém é igual a ninguém e que precisa haver uma união de percepções e conhecimentos ao lidar com o outro. Considero o meu jeito de ver, entender e sentir a obra um jeito só meu, redundante não?! Pois é, encontre a sua forma de sentir a obra e desenmoldure-se... Lindo o artista trabalhar na meia luz, usar a claridade que entra por uma fenda para com ela guiar a sua criação, fantástico ter seis mesas com quatro pés indicando as 24h do dia, mas tudo isso, representou para mim um trabalho em gesso no qual em cada mesa havia uma forma de dar forma a alguma imagem e na última mesa essa imagem havia quebrado! Louco?! Insano?! Ignorante?! Pode ser o que quisermos ver, entender e sentir! Arte é isso. Quem quiser mais informações sobre a obra, visite o site:

A Galeria Miguel Rio Branco contou com fotos, muitas fotos... Adoro fotos! Fotos da vida de mulheres prostitutas do Pelourinho, realidade nua e crua! Chocantes?! Sim, como não chocar... Mas, a foto que mais gostei foi a do link aqui disponibilizado. Uma sequência de fotos de dois meninos lutando capoeira, simples assim, a impressão que tive foi a, de que se tu passar rápido pela tela olhando somente para as fotos na vertical, dá para sentir o movimento da luta e até, quem sabe, ouvir o som da música! Quem quiser mais informações sobre a obra, visite o site:
http://www.inhotim.org.br/index.php/arte/obra/view/263

A Galeria Mata, para mim, foi a melhor da tarde! Nela aprendi que a pessoa objetiva, fria e calculista aqui precisa muito rever os seus conceitos e sim, tentar enxergar um vidro no meio de uma sala e não somente que a cor da sala mudou e que há um trilho na diagonal dela! O mais interessante foi o professor Akerman me ver vidrada em um quadro que tinha um labirinto, eu com o dedinho querendo encontrar a saída daquele desenho cheio de microcorredores e ele filosofando de que nem sempre devemos encontrar a saída, de que não devemos nos preocupar com ela, enfim... Sai dali encantada com as palavras do professor e com aquele sentimento de derrota para o labirinto! Sai de mim OBJETIVIDADE! Quem quiser mais informações sobre a obra, visite o site:
http://www.inhotim.org.br/index.php/arte/exposicao/obraTemp/380/3

Após a visita o grupo conversou sobre a relação entre as galerias e chegamos a belas conclusões. Tentarei equacionar as posições dos colegas, colocando na íntegra o que foi dito (sem nomeações, desculpem-me!).
As fotos dos acidentes de trabalho mostrou que a máquina é mais importante que homem. A mulher adequou-se ao trabalho, mas o trabalho não se adequou a mulher.
Prego + marcenaria = trabalho intelectual + manual
"Prostituição é um trabalho degradante, uma exploração."
"Quando se respeita o ser humano ele se sente assistido. É possível o SUS atender sim com cuidado, entendimento, humanização..."
"Nós somos seres fragmentados dentro de uma unidade."
Na obra A Falha, o que é o seu copro político no espaço? Na modificação do espaço a pessoa é um obstáculo, "a gente não se move por causa de nós mesmos!" Quem quiser mais informações sobre a obra, visite o site: http://www.inhotim.org.br/index.php/arte/obra/view/395
"As pessoas questionadoras são muito perseguidas."
"Quando faz junto, um sustenta o outro."


Referência: Inhotim - Instituto de Arte Contemporânea e Jardim Botânico. Disponível em: <http://www.inhotim.org.br/>. Acesso em 21/08/2013.

Escrito por Rossana Mativi.

sábado, 17 de agosto de 2013

Encontro Regional da Rede Unida - Sudeste, segundo dia.

No segundo e último dia do Encontro Regional da Rede Unida – Sudeste, a equipe da Rádio Web Saúde UFRGS continuou acompanhando o circuito de visitas às obras com os grupos durante a manhã e, à tarde, transmitiu ao vivo, pela internet, o encerramento do Encontro com a devolutiva das discussões que os grupos fizeram sobre as obras visitadas.


O Parque Inhotim é um enorme museu a céu aberto e para qualquer lugar que se olhe há arte inserida nele. Os lagos são de um verde esplêndido e inimaginável, lá encontrei várias Carpas Super Saúde Coletiva UFRGS, de um laranja vibrante e intenso! O paisagismo, as instalações, as obras ao ar livre, enfim, o saudosismo vai batendo e a vontade de não querer voltar à realidade faz com que tenhamos a nítida impressão de querer eternizar o momento!


Hoje, o Grupo 9 trabalhou com o tema “A Delicadeza das Relações Interprofissionais”. Visitamos a obra de Rivane Neuenschwander, a Galeria Praça e a Galeria Lygia Pape.

Continente/Nuvem foi a primeira obra que visitamos. Uma casa pequena, simples e antiga na qual moravam 11 pessoas de uma mesma família, no teto do grande salão da casa há 25 ventiladores que ficam constantemente ligados levando as bolinhas de isopor de um lado para outro. Entramos pela porta dos fundos da casa, velha tradição mineira de receber o visitante direto na cozinha, lugar mais aconchegante do lar. Depois do relato da história da obra com a monitora, o professor Akerman pediu para que o grupo se apresentasse e contasse um pouquinho da sua trajetória, foi uma forma de nos conhecermos melhor muito interessante, pois entre nós havia profissionais da saúde de diferentes áreas, bem como usuários do sistema, estudantes de graduação e professores a maioria da região sudeste do país, só eu era do sul. Após nos apresentarmos o apoiador do grupo pediu para que deitássemos no chão para ver/sentir as bolinhas movimentando-se no teto... Foi uma sensação única! Estar dentro da obra, compartilhando da sua moldura e ao mesmo tempo desenmoldurando-se e despindo-se de certos pré-conceitos, como o de deitar no chão! Momento sublime... Como diz o professor Marco, a monitora, também, desenmoldurou-se, pois se apresentou para nós e aceitou tirar uma foto nossa! A vida é uma arte! Quem quiser mais informações sobre a obra, visite o site:


Na Galeria Praça, a obra Forty Part Motet, apresentou uma instalação com 40 caixas de som, para cada caixa uma voz masculina de coral, cantando uma música composta para a comemoração do aniversário da Rainha Elizabeth 1ª, em 1575. Um espetáculo à parte que fez com que eu transgredisse as regras pegasse a câmera e filmasse o passeio que fiz pela sala na frente das caixas de som. Eu precisava levar algo para a minha mãe de todo aquele mar de cultura e arte no qual mergulhei fundo de corpo e alma! Minha mãe? ADOROU! Ela canta em dois corais, já cantou e outros tantos e nunca ouviu algo parecido com o que consegui captar de lá. A idéia de gravar cada voz em separado e depois transmiti-la em uma só caixa de som nos remete a sentir que o coral estava presente ali no salão... Momento de interiozar nossas próprias vozes! Quem quiser mais informações sobre a obra, visite o site:
http://www.inhotim.org.br/index.php/arte/exposicao/obraTemp/195/4

A professora Dora Lúcia de Oliveira explica, durante a entrevista para a Rádio Web Saúde UFRGS, o que mais a chamou a atenção na obra de Janet Cardiff.
https://www.youtube.com/watch?v=3K26TjEKcwE

Não é à toa que essa Galeria se chama Praça, nela há duas montagens que retratam fielmente a praça e a rodoviária da cidade de Brumadinho. Modelos reais que emprestaram a sua forma para dar forma a um imenso painel! É tão interessante e real que dá vontade de pegar o ônibus... Quem quiser mais informações sobre a obra, visite o site: 


Literalmente adentramos na obra Ttéia na Galeria Lygia Pape! A instalação era tão escura que, na medida em que, fomos nos aproximando da obra subimos em uma espécie de palanque, tocamos nos fios, brincamos tentando adivinhar do que eles eram feitos e interagimos muito bem com a obra para depois sabermos que não poderíamos ter feito nem metade do que fizemos! Há sempre um senão nos museus... Poxa, estávamos no maior museu a céu aberto do mundo, como não interagir com a obra, tocá-la, senti-la... É, podendo ou não, foi o que fizemos! Quem quiser mais informações sobre a obra, visite o site:  


Após a visita as obras, o grupo reuniu-se para conversar sobre o que foi visto durante a manhã. Confesso que me perdi do grupo e acabei não participando da conversa, mas ao conceder a entrevista para a equipe da Rádio Web Saúde UFRGS o professor Akerman contou como foi rica a conversa que eles tiverem e o quanto o que foi dito nos auxilia a repensar nos rumos que queremos dar ao SUS. Confira a entrevista na íntegra, vale à pena! https://www.youtube.com/watch?v=Kth0VfO2mQE

Referência: Inhotim - Instituto de Arte Contemporânea e Jardim Botânico. Disponível em: <http://www.inhotim.org.br/>. Acesso em 22/08/2013.

Escrito por Rossana Mativi.