Penso que o VER-SUS (Vivências e Estágios
na Realidade do Sistema Único de Saúde) deveria ser o primeiro projeto a ser
apresentado aos estudantes de saúde nos seus primeiros semestres da graduação,
mesmo que o aluno não tenha interesse ou prazer em conhecer o SUS e suas
complexidades. É um estágio fantástico com o poder de fazer com que mais e mais
pessoas, exclusivamente acadêmicos, apaixonem-se pelo SUS e queiram de toda forma
lutar para ver – num futuro não tão distante – melhorias na saúde/qualidade de
vida da população brasileira, além de despertar novamente nos profissionais do
sistema o amor e a vontade de tentar revolucionar o mesmo.
Estando recém no segundo semestre e ter
participado já de duas edições do VER-SUS, posso dizer que o processo da minha
formação acadêmica (e pessoal também) tem tornado-se muito enriquecedor!
O VER-SUS é
uma máquina ambulante de produção de conhecimento, de troca/compartilhamento de
saberes; uma máquina ambulante que fabrica amor: amor pelo SUS, amor pelas
pessoas, amor pela diversidade, amor pela luta, amor pela vida! Uma máquina
ambulante que instiga, encanta, enobrece a alma e mente!
Passar doze
dias fora de casa com pessoas que não conhecíamos, longe da família, não é nada
fácil, admito! São dias intensos e longos; dias de produzir muita paciência
(não sei da onde, mas a gente arranja) para lidar com as diferenças dos outros
e quando você é facilitador, como foi o meu caso, a paciência deve ser
multiplicada! Ser mediadora da equipe, saber dialogar, tendo que sair da linha
de conforto e elencar discussões importantes em determinados momentos realmente
foi um dos maiores desafios para mim e, modéstia a parte, acho que me saí muito
bem como facilitadora. Claro, tive o super apoio de uma colega maravilhosa e
que, durante a vivência, conseguimos amadurecer e aprender uma com a outra.
Independente
de todos os desafios, todas as inquietações e saudades, o mais prazeroso do
VER-SUS está na semana de vivências e estágios. É uma oportunidade única poder
estar dentro dos serviços de saúde entendendo e VENDO com os próprios olhos
como o sistema funciona, como o usuário é atendido e em quais condições ocorre
esse atendimento, quais atividades são oferecidas, etc. Nas visitas ao CRAS de cada comunidade, nas associações
de bairro, nos locais de lazer e/ou cultura dos usuários (Escola de Samba, por
exemplo) o VER-SUS nos auxilia a desconstruir a ideia de que o processo
saúde/doença dá-se apenas nos serviços assistenciais e constrói a ideia do
indivíduo-coletivo, isto é: o indivíduo deixa de ser um braço, uma perna, um
“pedaço de carne” e torna-se o sujeito que é influenciado pelo meio em que vive
(social), pelos pensamentos, costumes e hábitos da sua comunidade (cultural) e
pela história que a mesma possui e faz com que nós, estudantes, compreendamos
que o mesmo sujeito que passa pelo sistema de saúde é o mesmo que passa pelo
sistema da educação, da assistência e, às vezes, pelo sistema prisional,
portanto, é preciso que como futuros profissionais vejamos o ser humano como
parte do todo, reconhecendo a importância do trabalho integrado entre as redes
e os profissionais de diversas áreas, dentro de conceitos que desde o meu
primeiro semestre tenho aprendido: multi, inter, transdisciplinaridade e
intersetorialização.
A jornada no VER-SUS poderia ser um tanto
massante pela quantidade de informações e coisas novas absorvidas, mas é válido
lembrar que as discussões em grupo são sempre muito dinâmicas, com jogos,
vídeos, músicas e palestrantes, tornando a vivência mais interessante e
instigante!
Escrito por Francyne Silva
Escrito por Francyne Silva