sábado, 22 de junho de 2013

Evolução das Instituições de Saúde – Hospital Colônia Itapuã

A Rádio Web Saúde participará ao longo deste semestre do Projeto de Extensão: EVOLUÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE: UM OLHAR INTERDISCIPLINAR, cujo objetivo é conhecer a história de instituições de saúde e oportunizar a alunos, em especial trabalhadores, de cursos noturnos da UFRGS, a realização de créditos complementares, aos sábados.

Hoje foi o dia de conhecer o Hospital Colônia Itapuã. Reconhecer que ele é um museu à céu aberto, que merece ser visitado e que seu patrimônio necessita de cuidados, pois faz parte da história em uma época que o isolamento fazia-se necessário e que o preconceito fazia parte das pessoas.   


Segundo o Blog do Grupo Hospitalar Estadual, o Hospital Colônia Itapuã foi inaugurado em 11 de maio de 1940, atendendo a uma política de saúde pública que, na época, segregava indivíduos portadores de Hanseníase. Localizado em uma área de 1251 ha, distante 58 Km de Porto Alegre, era responsável por atender toda a população do Estado do Rio Grande do Sul, recebendo ao longo de sua história 1454 pessoas de diferentes localidades.

A hanseníase doença conhecida milenarmente como lepra, é ainda um problema de saúde pública para países como Índia, Moçambique e Brasil. A Eliminação da doença significa reduzir seu índice de ocorrência a níveis muito baixos. No caso da hanseníase, isso quer dizer que a taxa de prevalência deverá ser de 1 caso para cada grupo de 10.000 habitantes. Detectar a doença é simples, basta observar se há a ocorrência de manchas na pele e perda de sensibilidade no local.

O avanço do tratamento da hanseníase, nos anos 60, aboliu o internamento compulsório e possibilitou alta a muitos pacientes, que puderam retornar às suas casas onde não poderiam ser identificados como "leprosos". Muitos ex-pacientes retornaram ao HCI por não conseguirem retomar suas vidas fora da instituição.

Na década de 70, uma parte ociosa do Hospital transforma-se num Centro Agrícola de Reabilitação, acolheu 180 pacientes do Hospital Psiquiátrico São Pedro, era uma unidade psiquiátrica que visava a recuperação da saúde mental dos pacientes que eram da zona rural através do trabalho agrícola.

Hoje, o HCI tem cerca de 122 moradores-usuários (82 com sofrimento psíquico e 47 ex-hansenianos) possuem assistência não só de moradia, como também de uma política que visa o resgate da cidadania e a reintegração social destas pessoas, tão marcadas pelo preconceito e exclusão. O Hospital também atende a comunidade da Vila Itapuã e do município de Viamão.

O HCI possui um espaço físico peculiar e diferenciado dos hospitais convencionais. O Leprosário caracteriza-se pelo extremo afastamento a que foram submetidas suas edificações. Cercado por lagoas e altos morros, encontra-se hoje o protótipo de uma micro-cidade, que, em outra época, pretendeu completar as necessidades cotidianas de sujeitos fadados ao isolamento e ao destino institucional.

Referências: Grupo Hospitalar Estadual - A história viva da saúde pública do Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://grupohospitalarestadual.blogspot.com.br/p/hpsp.html>. Acesso em 29/06/2013.

Indicações de textos e vídeos:
Relato de uma aluna da Saúde Coletiva sobre o Hospital Colônia Itapuã.
http://rossana-saudecoletiva.blogspot.com.br/2011/06/hospital-colonia-itapua-do-individual.html

Vídeo-Documentário produzido pelos alunos da FABICO/UFRGS sobre o HCI no ano de 2007.
http://www.youtube.com/watch?v=biuXRGdlqOo




Relato da aluna Camila Campello sobre a visita ao HCI.
No primeiro semestre do curso de Saúde Coletiva, no trabalho da UPP de Políticas Públicas I do professor Alcindo, meu grupo ficou responsável por apresentar informações e fotos do Hospital Colônia Itapuã. Sinceramente, nunca tinha ouvido falar no hospital, pois nunca fui muito "ligada" nas instituições de saúde e suas histórias.
Como eu trabalhava o dia todo, não pude participar da visita com meus colegas de grupo, fiz então uma parte extensa da pesquisa teórica sobre o hospital. Na internet, encontramos muitas informações sobre o hospital, sua criação, métodos de internação e como está sua estrutura física atualmente; porém, os colegas nos trouxeram entrevistas e relatos que nos deixaram muito curiosos sobre a instituição.
Hoje, finalmente, conheci o Hospital Colônia Itapuã e, é muito triste ver que uma parte importante da história do nosso estado está a 'esmo': não há preservação do patrimônio histórico, apesar de o hospital possuir uma área extensa e com muita mata nativa. Não tivemos muito contato com os pacientes, como estava muito frio a maioria estava em suas casas, vimos uns dois ou três passeando pela rua e continuando seus afazeres normais; sim, afazeres normais! Pois, apesar de, pra nós ser apenas uma instituição hospitalar, para aquelas pessoas é o mundo delas e têm uma vida normal assim como todos nós temos. 
Passou pelo nosso grupo, durante a visita, um paciente psiquiátrico bem faceiro perguntando: "Vocês são de Osório? São de Osório?". Fiquei um pouco triste, pois pode ser que só fosse uma frase sem sentido pra ele, mas também, poderia ser uma esperança de encontrar sua família ou conhecidos que foram embora do hospital. 
Esta questão da internação compulsória deve ser pensada: isso é uma coisa que além de institucionalizar as pessoas e tirá-las do convívio social (que é muito saudável), ainda gera um "custo" para o Estado de uns 100 anos com pacientes, familiares e próximas gerações. Além, de gerar revolta nas pessoas por serem excluídas de sua zona de conforto, dificilmente retornam ao "mundo real" com a mesma realidade que possuíam antes.
Espero que tenham gostado do texto e que visitem a instituição, pois vale muito a pena participar da história do coletivo de saúde, tão presente no nosso dia a dia!

Escrito por Rossana Mativi. 

sábado, 15 de junho de 2013

1ª Oficina da RWS - Participação Popular e Controle Social no SUS

Hoje os integrantes da Rádio Web Saúde UFRGS realizaram sua primeira oficina do ano a qual contou com a participação das colegas da RWS UnB, Grasiela e Raelma, e com o entrevistado Jorge Senna, assessor do Núcleo de Educação em Saúde Indígena e Negra da Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul.   

A Rádio Web Saúde da Universidade de Brasília está produzindo um vídeo sobre a Participação Social no SUS e como essa participação ajuda a construí-lo. O depoimento do Jorge fará parte de outros depoimentos que serão gravados em todo país para formar um vídeo de distribuição nacional.


A entrevista foi no Parque da Redenção em um dia lindo, ensolarado e frio. A oficina foi das 10h às 17h, com intervalo para almoço na Lancheria do Parque, sobremesa na Maomé e tarde de conversas e trocas de experiências na sede da Rádio La Integración.



Na entrevista para a Rádio Web Saúde UnB, Jorge Senna falou sobre a Participação Popular e o Controle Social no SUS. 
"... nós que trabalhamos hoje com a formação e com o acesso ao direito à saúde vimos muito essa dificuldade que as pessoas têm em compreender qual é o papel delas no SUS. O papel do Agente Comunitário não deve ser totalmente restrito as suas ideologias religiosas, partidárias ou étnicas. Como pensarmos a participação social de maneira que todos possam ser incluídos? Como podemos pensar o debate da inclusão ao acesso do direito ao SUS como estratégia da participação social? A defesa do SUS público e gratuito para todos, em que o travesti, a prostituta, o negro, o indígena e a população do campo sejam atores para a construção de um SUS mais equânime? Quando pensamos na contribuição desses atores, somos convidados a repensar a história do marco dos 25 anos do SUS, antes o que era considerado saúde? E o que é saúde hoje? Falta muito para a consolidação plena do SUS, falta clareza do profissional e do usuário sobre a importância do SUS. O Sistema de Saúde brasileiro é um dos melhores sistemas do mundo, pois é reconhecido por vários países. Quando pensamos o papel da participação social, da gestão, do trabalhador e do usuário do SUS compreendemos que esse sistema está em construção e que é um Sistema de Saúde que ainda não está totalmente implementado.  A partir das Leis nº 8080/90 (Lei Orgânica da Saúde) e nº 8142/90, que garantem a participação social, a partir de suas diretrizes de equidade e diversidade, o SUS, pela Constituição Federal, é um Sistema Único de Saúde para todos, os gestores e os trabalhadores precisam entender que o SUS é para o negro, o índio, o travesti, a prostituta e não podemos ter preconceitos pessoais para o atendimento. Aproveitando o tema da participação social, um dos instrumentos para isso acontecer dentro do SUS é a Política Nacional de Educação Popular em Saúde, aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde, que traz a realidade do SUS a partir da educação popular, do conhecimento, da realidade local e do território de saúde..."

À tarde houve uma troca de saberes entre as duas Rádios Web com muitos planos para o futuro, ideias para novos projetos e trocas de experiências. 


Escrito por Rossana Mativi com o apoio técnico das colegas Grasiela Sousa, Júlia Galperim e Juliana Porto.